sábado, 27 de agosto de 2011

Abertura de Exposição



A próxima exposição a ser inaugurada no Pavilhão das Culturas Brasileiras, trará peças contemporâneas de produção indígena. Para conhecer um pouco do que será apresentado na exposição, trouxemos aqui duas imagens de peças que estarão na mostra.

Venha conferir!


1. O Kayeb - Cobra cosmológica
Manoel Antonio dos Santos (Wet), janeiro de 2010
Povo Palikur - Amapá
Escultura em madeira que representa a constelação do Kayeb na astronomia dos índios Palikur. A constelação forma uma grande cobra bicéfala que se move no céu ao longo do ano, indicando o solstício de verão e o fim da estação seca, quando se planta a mandioca.  Os Palikur estão entre os vários povos indígenas do Oiapoque, no Amapá, que compartilham este conhecimento tradicional.



2. O barco da constelação 
Manoel Antonio dos Santos (Wet), janeiro de 2010
Povo Palikur – Amapá
Escultura em madeira que faz referência ao mito do barco que se transforma na cobra de sete cabeças, constelação relacionada ao início das chuvas pelos povos indígenas do Oiapoque. A decoração pintada remete aos escudos de guerra usados no passado pelos Palikur, povo que esteve em conflitos com outros povos indígenas vizinhos e com os colonizadores europeus.



IMPORTANTE:
Todas as imagens são creditadas à fotógrafa Mariana Chama.
Todas as peças da exposição pertencem ao acervo do Departamento de Patrimônio  Histórico (DPH), Secretaria de Cultura, Prefeitura de São Paulo 





Serviço:
O QUE? Exposição: ArteFatos Indígenas

QUANDO? Abertura: 10 de setembro de 2011, sábado, às 15h (convidados e público). Até 08 de janeiro de 2012, de terça a domingo, das 9h às 18h, com entrada até as 17h;

ONDE? Pavilhão das Culturas Brasileiras - Parque do Ibirapuera (antigo prédio da Prodam)
Rua Pedro Álvares Cabral, s/ nº - 04094-000 – São Paulo – SP
Entrada gratuita; ambiente acessível.

CONTATO:Telefone (11) 5083 0199 - E-mail: acaoeducativapavilhao@gmail.com

sábado, 13 de agosto de 2011

ArteFatos Indígenas


O Pavilhão das Culturas Brasileiras apresentará na próxima exposição cerca de  270 peças na mostra “ArteFatos Indígenas”.
Com curadoria de Cristiana Barreto e Luiz Doniseete Benzi Grupioni, a produção indígena é o tema da nova mostra que tem início a partir de 10 de setembro.



Com 270 peças, a exposição, que será inaugurada em 10 de setembro, às 15h (com visitação gratuita), traz ao público as recentes coleções de arte indígena adquiridas pela Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo para integrar o acervo do Pavilhão das Culturas Brasileiras. O espaço, inaugurado em 2010, foi criado especialmente para inserir no universo artístico expressões relevantes da cultura nacional, mas ainda sub-representadas nos acervos das instituições, como é o caso da produção indígena e da arte e do design populares.

Em ArteFatos Indígenas os curadores Cristiana Barreto (arqueóloga e pesquisadora que participou do projeto de concepção do Pavilhão e da curadoria da exposição de abertura Puras Misturas) e Luis Donisete Benzi Grupioni (etnólogo especialista em cultura material indígena, e coordenador do IEPÉ) dividiram a mostra em módulos que evidenciam a obra contemporânea de 12 povos indígenas da Amazônia, dos  Estados do Amapá, Pará e Mato Grosso: Wajãpi, Galibi, Palikur, Karipuna, Galibi-Maworno, Tiriyó, Kaxuyana, Wayana, Aparai, Asurini, Kayapó e Kayapó Xikrin.

Os trabalhos reunidos salientam a diversidade das tradições estéticas e a importância da manutenção destas tradições na produção contemporânea em novos processos de reafirmação de identidades indígenas específicas ou regionais. Objetos rituais – máscaras, ornamentos corporais e instrumentos musicais – e do cotidiano – cerâmicas, cestos e bancos esculpidos em madeira – ilustram as diferentes tradições estéticas dos povos que os produzem. Além destas peças, 30 desenhos sobre papel mostram a riqueza da arte gráfica Wajãpi, reconhecida pela UNESCO como patrimônio imaterial da humanidade.


Para ler mais: Clique aqui ou aqui

sábado, 6 de agosto de 2011

Em Breve!



Em setembro, no Pavilhão das Culturas Brasileiras, inaugura a Exposição
ARTEFATOS INDÍGENAS
com curadoria de Cristiana Barreto e Luis Donisete Benzi Grupioni a exposição evidencia a obra contemporânea de 12 povos indígenas da região amazônica.





NÃO PERCA!




Maiores Informações:
Telefone: 11 5083 0199
e-mail: acaoeducativapavilhao@gmail.com
Supervisão: Júlia Rocha Pinto

Endereço
Parque Ibirapuera
Rua Pedro Álvares Cabral, s/ nº
Telefone: (11) 5083 0199
CEP: 04094-000

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Novas Obras [parte5]

NINO (1920 / 2002)
João Cosmo Félix, o Nino, nasceu em Juazeiro do Norte, Ceará, onde viveu até sua morte, aos 82 anos. Sem ter aprendido a ler, trabalhou como cortador de cana e ferreiro antes de se dedicar à escultura em madeira. Na década de 1970, Nino fazia animais de madeira em pequenos formatos, pintados de marrom, preto e branco. Na década seguinte, começou a fazer esculturas maiores, introduzindo a figura humana, montando cenas, ao lado de pássaros e animais. A partir daí, sua obra alcança uma dimensão inédita de qualidade. Conjugando magistralmente a forma e a cor, sua criação promove um encontro entre a escultura e a pintura. As formas recortadas de homens e animais, muitas vezes com texturas e cores extremamente elaboradas, dialogam com planos chapados, numa combinação cromática que o aproxima da mais refinada estética contemporânea.

 S/T (Pássaro na árvore), 1999 - Escultura em madeira pintada

RANCHINHO (1923 / 2003)
Sebastião Theodoro Paulino da Silva nasceu em Oscar Bressane, São Paulo. Com dois anos de idade, foi levado com a família para Assis, SP, onde viveu até sua morte, aos 80 anos. Com dificuldades de locomoção, de fala e de audição, Sebastião foi afastado da escola por não conseguir acompanhar as aulas. Passou a viver recluso no meio rural, nos arredores da cidade, em ranchos abandonados. Sobrevivia vendendo papéis, latas e garrafas, recebendo comida e roupa das pessoas da cidade. Desde criança, Sebastião desenhava com lápis e giz de cera, criando imagens em cartões aproveitados e cadernos velhos. Nos anos 1970, o pesquisador e poeta José Nazareno Mimessi reconheceu seu talento e o estimulou a pintar com guache. Assumindo a postura de pintor, Ranchinho improvisou seu ambiente de trabalho com tintas, pincéis e cavalete, trabalhando incessantemente. Sua produção é farta e aborda temas os mais variados, quase todos advindos de sua vivência rural, cenas do cotidiano entre os quintais e os interiores das casas. Longe dos rótulos, mas dominando a linguagem do desenho e a enorme sensibilidade cromática, suas pinturas se aproximam do mesmo espírito de percepção e urgência de registro tão característicos do impressionismo.
Parquinho, 1990 - Acrílica sobre tela

RESENDIO (1941)
Nascido no povoado de Tibiri, município de São Brás, Alagoas, Resendio José da Silva desde pequeno dedicou-se à arte, construindo seus brinquedos com caixotes de frutas que encontrava nas feiras. Chegava mesmo a vendê-los para outras crianças. Adulto, já casado e com filhos, partiu para São Paulo em busca de trabalho e de uma vida melhor. Foi pedreiro, sapateiro e, depois, jardineiro da prefeitura da cidade, mas não resistiu às pressões da vida urbana, voltando para o ambiente rural nas Alagoas. Retomou logo a criação artística esculpindo, em mulungu ou cedro, figuras que são síntese do dia a dia nordestino e personagens urbanos. Ao lado de criações líricas com pássaros imaginários, uma fauna de homens e mulheres, de aspecto pop, ostenta cores fortes, destemidas, de indisfarçável humor.

Homem com muletas e macaco, 2004 - Escultura em madeira pintada, 110 x 80 x 40 cm.

ULISSES (1924 / 2006)
Nascido no Vale do Jequitinhonha, em Córrego Santo Antônio, Minas Gerais, Ulisses Pereira Chaves trabalhou durante toda a vida na lavoura. Filho, neto e bisneto de paneleiras, foi o primeiro homem adulto da família a se dedicar à arte de moldar o barro, ofício tradicionalmente reservado às mulheres. Ao longo dos anos e com o desenvolvimento de seu trabalho, Ulisses estimulou a atividade criadora entre seus familiares, criando escola. Suas esculturas em cerâmica têm uma universalidade atemporal que as aproxima, por exemplo, das representações gregas ou romanas. São figuras ambíguas, entre o humano e o animal, seres sobrenaturais, cabeças isoladas ou reunidas em grupo, monstros e personagens totêmicos. A pintura das peças, usando pigmentos de cores contrastantes, redesenha os traços da figura e acrescenta elementos gráficos que a enriquecem. 

VÉIO (1948)
Cícero Alves dos Santos nasceu no município de Nossa Senhora da Glória, Sergipe. Filho de lavradores, desde menino esculpia figuras em cera de abelha para depois encontrar a madeira, até hoje a sua matéria de expressão. Ainda trabalha como agricultor, fazendo sua arte nos períodos de folga. São esculturas em grandes formatos de personagens do cotidiano, mas também situações surrealistas, como forquilhas de troncos brutos arrematados por uma cabeça esculpida, ou homens sendo transportados por tartarugas. Preocupado com a comunicação e permanência de seu trabalho, assim como a história e as tradições de seu povo, Véio montou em casa o “Museu do Sertão”, com uma variedade de objetos do dia a dia sertanejo. Ampliou ainda sua criação artística para ambientes ao ar livre, montando uma grande instalação no terreno de seu sítio, à beira da rodovia Engenheiro Jorge Neto.
Casal de anões, 2008 - Escultura em madeira pintada

ZÉ DO CHALÉ (1903 / 2008)
Descendente dos índios xocós, José Cândido dos Santos nasceu em Neópolis, Sergipe. Desde criança – e até a vida adulta, com mulher e filhos – vagou por cidades ribeirinhas do São Francisco, radicando-se finalmente em Aracaju, onde morreu aos 105 anos. Trabalhou como mestre de obras e construtor de casas e barcas. Começou a esculpir aos 89 anos, criando o que ele chamava de “troféus”. Trabalhadas em madeira, as peças são construções verticalizadas, lançadas em vários planos, cada um com seus elementos específicos mas, ao mesmo tempo, participando do todo alegórico. Em alguns casos, figuras humanas integram o conjunto, de forte conotação arquitetônica e simbólica. São torres e minaretes oníricos. 
S/T, 2003 - Escultura em madeira, 58 x 12 x 10 cm.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Novas Obras [parte4]

JÚLIO MARTINS DA SILVA (1893 / 1978)
Júlio Martins da Silva nasceu em Icaraí, Niterói, RJ. Desde pequeno manifestou interesse pela literatura, especialmente a poesia. Após a morte do pai, a família se mudou para o Rio de Janeiro, onde começou a prestar serviços domésticos. Empregou-se depois no Hotel Avenida, onde foi cozinheiro até se aposentar. Desenhava sempre com lápis de cor, passando mais tarde, já liberado do trabalho de sobrevivência, a dedicar-se à pintura a óleo. Há, em sua obra, uma atmosfera metafísica, jardins ordenados, árvores e flores meticulosamente trabalhadas, casas e palácios oníricos. A composição guarda uma simetria serena, em que os elementos participam de uma cena idílica.
Bancos no Jardim, Anos 1970, 1980 - Óleo sobre tela

MARIA LIRA (1945)
Maria Lira Marques Borges nasceu em Araçuaí, Minas Gerais, filha de pai sapateiro e mãe lavadeira. Começou, como a maioria das mulheres do Jequitinhonha, trabalhando com o barro, mas nunca se limitou à confecção de utensílios, como panelas e moringas. Suas esculturas traduziam a vida dura do lugar, muitas vezes mescladas de elementos da tradição africana. Em parceria com o frade holandês Francisco van der Poël, tornou-se uma das mais atuantes pesquisadoras da mítica popular da região, conhecendo profundamente suas expressões musicais. A partir de 1994, uma alergia ao barro afastou Maria Lira da cerâmica. Passou então a utilizar como linguagem a pintura sobre papel, criando bichos imaginários, constituindo-se na fase mais significativa de sua obra. Os pigmentos usados são retirados diretamente da terra, depois socados, peneirados e misturados à água e à cola. Suas composições, sempre orquestradas com concisão e inteligência formais, abrigam um vasto repertório de animais que parecem saídos das paredes rupestres.

MESTRE GALDINO (1924 / 1996)
Manoel Galdino de Freitas nasceu na zona rural de São Caetano, Pernambuco, mudando-se para Caruaru em 1940. Instalou-se no Alto do Moura, um núcleo de ceramistas cuja fama cresceu com a presença de Vitalino. Mestre Galdino, entretanto, desenvolveu uma obra longe das influências da produção vigente, singular, na qual figuras imaginárias se reagrupam em composições fantásticas de sabor surrealista, não raro acompanhadas de histórias e poemas. O barro recebe também um tratamento original, elaborado como um tecido, ondulado e nervoso, o que enfatiza o impacto da temática de sua criação.


S/T, Anos 1970 - Escultura em cerâmica, 63 x 32 x 40 cm.

NILSON PIMENTA (1956)
Nascido em Caravelas, Bahia, Nilson Pimenta da Costa mudou-se ainda pequeno com a família para o Mato Grosso. Trabalhou muitos anos nas lavouras de arroz, feijão, milho, amendoim e mandioca. Percorreu o interior do estado, buscando trabalho como peão e cortador de cana até 1978, quando foi morar em Cuiabá. Começou a desenhar com lápis de cor e só entrou em contato com as tintas em 1980. A partir de então, trabalhou como vigia e, mais tarde, como supervisor do Ateliê Livre da Universidade Federal de Mato Grosso. Sua pintura é uma crônica contundente das vivências do lugar, o cultivo na roça, as florestas, os animais da mata, as aves, os acampamentos, o desmatamento. As cores predominantes – o azul do céu, o óxido da terra e o verde das matas – dominam sua paleta, num tratamento de rico grafismo.
Lenheiras na derrubada, 2009 - Acrílico sobre tela, 90 x 130 cm.



quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Novas Obras [parte3]

IRINÉIA (1948)
Irinéia Rosa Nunes da Silva nasceu em Muquém, um povoado remanescente de quilombolas de União dos Palmares, Alagoas. Quando criança, fabricava bichos, bonecas e utensílios em miniatura, seguindo a tradição da comunidade, que produz e vende potes e panelas de barro. Indo além da produção convencional, Irinéia cria figuras humanas, às vezes de corpo inteiro, outras vezes só a cabeça, como nos familiares ex-votos. Suas formas guardam a sensualidade do barro, o resíduo das mãos que o modelam, a força dos personagens que dele nascem.

ISABEL MENDES DA CUNHA (1924)
Isabel Mendes da Cunha, a Dona Isabel, nasceu em Itinga, no Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais. Filha de pai lavrador e mãe paneleira, trabalhava na lavoura e, nas horas de folga, auxiliava a mãe na fabricação de utensílios de cerâmica. No final da década de 1970 começou a criar noivas, noivos, mulheres amamentando e moças de grande formato. Suas fisionomias retratam muito bem as mulheres da região, caboclas de aspecto sólido, o maxilar levemente prognata, as maçãs altas e os olhos proeminentes. Dona Isabel é responsável também pelo surgimento de muitos outros escultores na região, que tratam a cerâmica como linguagem artística.

JOSÉ BEZERRA (1952)
José Bezerra nasceu em Buíque, Pernambuco. Filho de barbeiro, sempre viveu no Vale do Catimbau, trabalhando na lavoura. Em 2002, teve um sonho no qual uma voz lhe dizia de se dedicar à arte e mostrando-lhe uma figura humana esculpida. Desde então, José Bezerra cria esculturas em madeira. São figuras que nascem da intervenção sobre pedaços de troncos, galhos e raízes encontrados, nos quais o artista ressalta as formas que o seu olhar detecta e sua imaginação sugere.
Ema, 2008 - Escultura em madeira, 76 x 74 x 30 cm. Doação Vilma Eid


JOSÉ VALENTIM ROSA (1914 / 1999)

José Valentim Rosa nasceu em Carandaí, Minas Gerais, neto de escravo. Ao perder o pai quando ainda era criança, Valentim Rosa interrompe seus estudos para trabalhar e ajudar no sustento da família. Mais tarde, emprega-se na Central do Brasil, onde desempenhava a função de sentinela nos cruzamentos dos trens pelos subúrbios de Belo Horizonte, para onde mudara. Assim que se aposentou, começou a esculpir em madeira. Sua primeira escultura foi a representação de um anjo que, segundo o artista, lhe surgira quando menino e lhe curara de feridas em todo o corpo. A partir daí, foi criando outras obras, figuras imaginárias, cabeças masculinas, grandes aranhas e monstros marinhos, dando à madeira um tratamento de estrias, ondas e caneluras. Quando em processo de criação isolava-se completamente, mergulhando no que ele descrevia como “o fundo do mar”. 


S/T [Figura], 1982 - Escultura em madeira, 74 x 24 x 24 cm.




[continua]

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Novas Obras são Incorporadas ao Acervo [parte2]

CIÇA (1935)
Cícera Fonseca da Silva nasceu em Juazeiro do Norte, Ceará. Na infância fabricava panelinhas e pequenos bichos de barro para vender nas feiras. Filha de pais agricultores e precisando ajudar a família, não frequentou escola por mais do que um ano. Voltou à cerâmica aos 26 anos e depois de casada. Na década de 1960, começou a fazer figuras de santos e de cenas regionais. No Carnaval de 1972, a pedido de um amigo, começou a fazer as máscaras, que se tornariam sua obra mais marcante. Apesar da imensa quantidade delas, Ciça nunca as repete. Cada máscara encerra uma sábia modernidade, conjugando massas e linhas em pequenos relevos coloridos.

Máscara, 2001,2002 - Cerâmica Policromada

CHICO DA SILVA (1910 / 1985)
Francisco Domingos da Silva nasceu em Alto Tejo, no Acre. Ainda pequeno, mudou-se com a família para uma fazenda em Quixadá, no Ceará. Começou pintando, com pigmentos vegetais e carvão, pássaros e dragões gigantes sobre as paredes das casas dos pescadores. Em 1943, incentivado pelo pintor suíço Jean-Pierre Chabloz, Chico da Silva passa a usar o guache, técnica que caracterizaria grande parte de sua produção. Nas décadas de 1940 a 1960 o artista obteve expressivo reconhecimento, expondo no país e no exterior e participando de bienais. Sua pintura, marcada por rico cromatismo e invenções gráficas inusitadas, é uma expressão genuína do imaginário amazônico, no que ele contém de mistério e mítica.

CHICO TABIBUIA (1936 / 2007)
Francisco Moraes da Silva recebeu o seu apelido da madeira que retirava para fazer suas esculturas. Nascido em Aldeia Velha, Estado do Rio, Chico Tabibuia só foi registrado em Casimiro de Abreu aos 36 anos, devido ao grau de miséria e marginalidade da família. Aos dez anos, confeccionou seu primeiro “boneco”, contendo já características da obra que realizaria mais tarde, como o aspecto explícito do sexo. Depois de frequentar os terreiros de umbanda durante a adolescência, converteu-se à Assembleia de Deus. Passou a esculpir, então, figuras vigorosas inspiradas nos Exus, em suas múltiplas visões, como uma forma de exorcismo e louvação. Além da monumentalidade, há em sua obra uma forte conotação erótica, vital, exacerbando os aspectos masculino e feminino.

GTO (1913 / 1990)
Geraldo Teles de Oliveira nasceu em Itapecerica, Minas Gerais, mudando-se logo para Divinópolis, onde viveu. Depois de exercer diferentes ofícios, conseguiu um emprego de vigia noturno num hospital. Trocando a noite pelo dia, nas poucas horas em que dormia, tinha sonhos reveladores. Em um deles, uma escultura lhe aparecia pronta, em detalhes, acompanhada do sentimento inequívoco de força divina e missão de vida. A partir daí, dedicou-se inteiramente à sua criação artística. Sua obra é marcada, ao mesmo tempo, pelo sincretismo brasileiro e pela universalidade. Em blocos de madeira rendada pela talha aparentemente rude, mas certeira, negros, índios e brancos dançam coreografias imaginárias, reagrupados em totens e mandalas de reminiscências orientais.
 S/T, Anos 1970 - Escultura em Madeira

 [continua]

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Novas Obras são Incorporadas ao Acervo


Obras recém-adquiridas pela instituição dividem o térreo do espaço expositivo com objetos da Coleção Rossini Tavares de Lima. 

Conheça um pouco mais de alguns dos novos artistas que integram a exposição Novas Aquisições, no Pavilhão das Culturas Brasileiras.



ALCIDES PEREIRA (1932 / 2007)

Alcides Pereira dos Santos nasceu em Rui Barbosa, Bahia, e aos 18 anos se radicou no Mato Grosso. Na década de 1980, inspirado pela vida na metrópole, mudou-se para São Paulo, onde viveu até a sua morte, aos 75 anos. Durante muito tempo trabalhou na roça, sendo mais tarde sapateiro, barbeiro e pedreiro, até descobrir a pintura e se dedicar a ela. Para ele a arte é dom divino e sua pintura, abordando cenas do cotidiano, pretende ser um louvor a Deus. Suas naves imaginárias, aviões, ônibus, barcos têm a força de uma pintura pop, um grafismo ao mesmo tempo rigoroso e poético. Não raro, suas composições se aproximam das narrativas, nas quais pequenas cenas e elementos decorativos são lançados em planos sucessivos, lembrando as histórias em quadrinhos ou as antigas frisas egípcias.
Transbrasil, 1999 - Acrílica sobre tela, 89 x 156 cm. Doação Vilma Eid

ANTÔNIO DE DEDÉ (1953)
Antônio Alves Santos nasceu e vive em Lagoa da Canoa, Alagoas. De origem modesta, é o mais velho dos quatro irmãos ainda vivos. Chegou a iniciar seus estudos na adolescência, deixando-os para trabalhar na roça. Influenciado pelo ofício de carpinteiro do pai, Antônio fabricava ainda criança seus próprios brinquedos. Logo passou a criar bichos e outras figuras para a comunidade. Hoje, viúvo e pai de nove filhos, dedica-se com eles ao cultivo do fumo e do feijão de corda, além de outros vegetais para o consumo doméstico. Entretanto, a escultura passou a fazer parte de seu cotidiano e de toda a família. São animais e personagens diversos, cujos corpos guardam a forma orgânica de origem dos troncos, geralmente policromados. O resultado é de grande simplificação formal, em que se concentram aspectos aparentemente paradoxais, como a rudeza e o refinamento.

Tigre, 2007 - Escultura em Madeira Pintada, 90 x 37 x 170 cm.

ARTUR PEREIRA (1920 / 2003)
Artur Pereira nasceu em Cachoeira do Brumado, distrito da histórica cidade de Mariana, Minas Gerais. Morreu na mesma cidade, aos 83 anos. De família humilde, desde criança trabalhou em várias atividades rurais, como carvoeiro, agricultor, pedreiro, carpinteiro. De sua experiência em fazer gamelas de madeira, passou a criar pequenas figuras de presépio, como santos e bichos. Daí, para a escultura, foi um salto de criatividade natural. Em fins da década de 1960, Artur já esculpia peças mais elaboradas, como pequenos conjuntos de animais, aves e frutos. A partir da década de 1970, seu trabalho cresceu em dimensão e qualidade, realizando grandes troncos rendados, nos quais toda uma flora e fauna se reúnem como uma elegia à natureza. Ao mesmo tempo em que guardam a memória barroca do ambiente de origem, as esculturas de Artur Pereira projetam a modernidade através da economia de formas. 
S/T (Tronco com presépio), Anos 1970 - Escultura em Madeira

BAJADO (1912 / 1996)
O pintor Bajado, como ficou conhecido Euclides Francisco Amâncio, nasceu em Maraial, ao sul de Pernambuco. Em 1930, mudou-se para Recife, fixando-se posteriormente em Olinda. Trabalhou como porteiro de cinema e logo começou a pintar placas e cartazes de filmes. A partir de 1960, passou a dedicar-se à pintura sobre Eucatex, retratando cenas da cidade e de suas festas, com aguçado poder de observação, cores puras e formas nítidas. Perfeitamente inserido na vida e nas comemorações do lugar, como o carnaval, Bajado fez de sua obra uma crônica da cidade, intitulando-se “o pintor de Olinda”. 
Carnaval na Ribeira, 1980 - Pintura sobre madeira, 88 x 120 x cm.




[continua...]
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...